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18/04 Seminário debate a relação entre cientistas e jornalistas

Durante o Seminário Ciência na Mídia, que aconteceu na FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, no dia 16 de abril, a relação entre jornalistas e pesquisadores foi colocada em pauta. A divulgação científica está ganhando cada vez mais peso no meio acadêmico e a relação entre jornalistas e pesquisadores deve melhorar para cumprir essa tarefa com eficácia. 

O biólogo Thomas Lewinsohn, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), alertou, portanto, que é preciso ter em mente que cientistas eminentes não são autoridades em todos os assuntos.
 
“Antigamente os pesquisadores davam muito peso para publicação em revistas científicas, o que lhes garantia prestígio acadêmico e financiamento, e quase nenhuma atenção à divulgação científica, que servia apenas para aumentar a popularidade. Hoje estamos perto de um equilíbrio entre os dois ramos”, afirmou Lewinsohn. 
A exposição na mídia traz popularidade às pesquisas e, além disso, afeta a influência e o poder de decisão no meio acadêmico, aumentando as chances de ter um projeto financiado e, consequentemente, elevando o prestígio acadêmico.
 
Lewinsohn cita como exemplo dessa mudança o sistema de avaliação dos cursos de pós-graduação pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). “Hoje se dá um peso maior à visibilidade do trabalho dos cientistas que compõem os quadros”, avaliou. Outro exemplo é a transformação pela qual as mais importantes revistas científicas, passaram nos últimos anos, ganhando novas seções com conteúdo noticioso e linguagem mais acessível.
 
O biólogo alerta também para o impulso que os jornalistas têm, nas correrias das redações, de recorrer sempre àquela fonte que tem respostas para todos os temas. “Está se tornando impossível para o cientista ignorar a mídia. Muitos hoje cortejam os jornalistas e isso dá margem a distorções. Existe uma ideia de que o cientista terá sempre uma opinião racional e bem embasada sobre tudo e isso não é verdade”, afirmou o Lewinsohn.
O médico Paulo Saldiva, da Faculdade de Medicina da USP e pesquisador-colaborador do Citecs, durante a sua apresentação, reclamou do fato de que a maioria dos jornalistas que o procura querer falar de temas que não têm relação com sua área de estudo: os efeitos da poluição atmosférica sobre a saúde.
Para Saldiva, outro problema é o pouco tempo dispensado aos temas e o risco da superficialidade. “Você fala durante meia hora e aparece apenas dez segundos. Esse é o maior pavor dos cientistas”, acrescentou o médico.
Para o biólogo Fernando Reinach, colunista de divulgação científica no jornal O Estado de S. Paulo, o grande problema do jornalismo científico é “contar o milagre e não contar o santo”. Para ele, “dá-se muita ênfase à descoberta e não se explora bem os métodos usados. Isso dificulta avaliar se o que está sendo dito é verdade”.
O editor de Ciência do jornal Folha de S. Paulo, Reinaldo José Lopes, durante a exposição, falou sobre o encolhimento do espaço nos jornais para as notícias em geral e para ciência em particular. “Como empacotar a notícia, a metodologia e o lado humano em meia página? A gente sente uma impaciência do leitor que é assustadora e isso acaba conduzindo à superficialidade”, disse. 
O evento ainda contou com a participação de Roberto Wertman, editor do programa Espaço Aberto Ciência & Tecnologia da Globonews, que comentou as limitações da cobertura científica na TV, extremamente dependente da existência de imagens. E de Sonia López, ex-editora do AlphaGalileu, um dos maiores portais de notícias acadêmicas.
A abertura do seminário ficou por conta de Clive Cookson, editor de Ciência do jornal Financial Times, que listou os três principais problemas que, em sua opinião, afetam a qualidade do jornalismo científico. Para ela “o repórter precisa convencer seu editor de que vale a pena publicar aqueles dados e a verdade científica às vezes acaba em segunda plano. E quando o subeditor escreve a manchete a notícia fica ainda mais exagerada”.
 
Para Cookson, outro problema é a tendência de abordar os dados de forma negativista, o que pode causar distorções. Além disso, “os cientistas devem se ater à ciência. Mas mesmo em situações controversas devem aproveitar para passar sua mensagem. Se deixarem um vazio, fontes com motivações políticas podem se aproveitar.”
FONTE: Agência FAPESP  

O biólogo Thomas Lewinsohn, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), alertou, portanto, que é preciso ter em mente que cientistas eminentes não são autoridades em todos os assuntos. 

“Antigamente os pesquisadores davam muito peso para publicação em revistas científicas, o que lhes garantia prestígio acadêmico e financiamento, e quase nenhuma atenção à divulgação científica, que servia apenas para aumentar a popularidade. Hoje estamos perto de um equilíbrio entre os dois ramos”, afirmou Lewinsohn.

A exposição na mídia traz popularidade às pesquisas e, além disso, afeta a influência e o poder de decisão no meio acadêmico, aumentando as chances de ter um projeto financiado e, consequentemente, elevando o prestígio acadêmico. 

Lewinsohn cita como exemplo dessa mudança o sistema de avaliação dos cursos de pós-graduação pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). “Hoje se dá um peso maior à visibilidade do trabalho dos cientistas que compõem os quadros”, avaliou. Outro exemplo é a transformação pela qual as mais importantes revistas científicas, passaram nos últimos anos, ganhando novas seções com conteúdo noticioso e linguagem mais acessível. 

O biólogo alerta também para o impulso que os jornalistas têm, nas correrias das redações, de recorrer sempre àquela fonte que tem respostas para todos os temas. “Está se tornando impossível para o cientista ignorar a mídia. Muitos hoje cortejam os jornalistas e isso dá margem a distorções. Existe uma ideia de que o cientista terá sempre uma opinião racional e bem embasada sobre tudo e isso não é verdade”, afirmou o Lewinsohn.

O médico Paulo Saldiva, da Faculdade de Medicina da USP e pesquisador-colaborador do Citecs, durante a sua apresentação, reclamou do fato de que a maioria dos jornalistas que o procura querer falar de temas que não têm relação com sua área de estudo: os efeitos da poluição atmosférica sobre a saúde.

Para Saldiva, outro problema é o pouco tempo dispensado aos temas e o risco da superficialidade. “Você fala durante meia hora e aparece apenas dez segundos. Esse é o maior pavor dos cientistas”, acrescentou o médico.

Para o biólogo Fernando Reinach, colunista de divulgação científica no jornal O Estado de S. Paulo, o grande problema do jornalismo científico é “contar o milagre e não contar o santo”. Para ele, “dá-se muita ênfase à descoberta e não se explora bem os métodos usados. Isso dificulta avaliar se o que está sendo dito é verdade”.

O editor de Ciência do jornal Folha de S. Paulo, Reinaldo José Lopes, durante a exposição, falou sobre o encolhimento do espaço nos jornais para as notícias em geral e para ciência em particular. “Como empacotar a notícia, a metodologia e o lado humano em meia página? A gente sente uma impaciência do leitor que é assustadora e isso acaba conduzindo à superficialidade”, disse. 

O evento ainda contou com a participação de Roberto Wertman, editor do programa Espaço Aberto Ciência & Tecnologia da Globonews, que comentou as limitações da cobertura científica na TV, extremamente dependente da existência de imagens. E de Sonia López, ex-editora do AlphaGalileu, um dos maiores portais de notícias acadêmicas.

A abertura do seminário ficou por conta de Clive Cookson, editor de Ciência do jornal Financial Times, que listou os três principais problemas que, em sua opinião, afetam a qualidade do jornalismo científico. Para ela “o repórter precisa convencer seu editor de que vale a pena publicar aqueles dados e a verdade científica às vezes acaba em segunda plano. E quando o subeditor escreve a manchete a notícia fica ainda mais exagerada”. 

Para Cookson, outro problema é a tendência de abordar os dados de forma negativista, o que pode causar distorções. Além disso, “os cientistas devem se ater à ciência. Mas mesmo em situações controversas devem aproveitar para passar sua mensagem. Se deixarem um vazio, fontes com motivações políticas podem se aproveitar.”

FONTE: Agência FAPESP  

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